quarta-feira, 11 de novembro de 2015

http://fiqbh.com.br/

Varal de Cordéis: antologia poética.


Livro impresso, produzido experimentalmente, em Estudos Introdutórios de Edição, sob a supervisão do Professor Pablo Guimarães de Araújo. Editores: Juliano Viana Mathey, Carolina Bezerra, Mariana Barbosa e Natasha Ramona. Uma reedição da poesia literária de Cordel, muitas das quais produzidas a partir de cartas trocadas entre o Teófilo-Otonense, de Minas Gerais, Olegário Alfredo da Silva − xilogravurista, escritor, poeta e também professor de literatura portuguesa, formado em Letras e pós-graduado em Gestão Pública − e José Costa Leite, cordelista, xilogravurista e autor do popular almanaque paraibano.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014




Entrevista com o Prof. Dr. Gazy Andraus, doutor pela USP, sobre os processos de cognição através da Leitura de HQs...
No mais, Gazy Andraus é conectado ao grupo Quadro-a-Quadro.

(quadro-a-quadro.blog.br)

A Quadro-a-Quadro edita os quadrinhos do grupo Ozadia... sim! A mesma editora que publica no Brasil os quadrinhos de Ivo Milazzo, um quadrinista"notoriamente renomado"  ─O Aurélio define: "Redundância de termos, que em certos casos é legítima, por conferir à expressão mais vigor, ou clareza."... portanto, vale a pena o pleonasmo!
Bem... esse quadrinista italiano ficou conhecido por seus personagens Cults: Ken Parker (baseado em outro personagem, Jeremiah Johnson, que foi representado por Robert RedFord nos tempos dourados dos bang-bangs) e mais recentemente Tiki, O Menino Guerreiro, personagem criado exclusivamente para os fans de quadrinhos brasileiros (veja mais sobre ambos na postagem de quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014).


Segue agora a entrevista com o professor!
 


Olá! Meu nome é Juliano, sou estudante do curso de Letras, Tecnologias da Edição, do Cefet-Mg.
 

Há uma matéria publicada pelo senhor na Revista Língua Portuguesa Conhecimento Prático:  você acha possível que haja leitores hábeis de quadrinhos do mesmo modo que existem aqueles que são super hábeis com a leitura? 




Prof.Dr. Gazy Andraus

É um texto que refiz com base em um trabalho acadêmico que realizei para uma das disciplinas do meu doutorado, isso lá por 2003. Porém, ainda tive que resumir e refazer algumas partes (meu artigo original tinha mais de 70 pg), conseguindo desmembrá-lo em duas partes (aguarde que a segunda sairá lá por abril, creio). Respondendo à sua pergunta, creio que qualquer habilidade pode ser mais bem desenvolvida, e se aprendida o quanto antes, o cérebro se aprimora. Ou seja, uma criança, ao ler quadrinhos, consegue que sua mente tenha uma desenvoltura mais sistêmica ao ler a narrativa desenhada nos quadrinhos de uma página: por estas trazerem desenhos (aliados aos textos) sequenciados, faz com que a visão periférica do leitor esquadrinhe todos os quadrinhos da página simultaneamente, sejam os que foram lidos e os que serão a seguir ao foco de sua visão central que esteja mirada num quadrinho no momento presente de sua leitura. Já ouvi de alguns adultos que nunca leram quadrinhos que têm dificuldade de lê-los, pois não sabem se deve começar a ler pelos desenhos ou pelos textos: ou seja, como a mente deles não se “acostumou” com a leitura “quântica” dos quadrinhos, tal habilidade ficou prejudicada nesse (novo) desenvolvimento que teria ao ler as páginas duma HQ. Assim, reclamam de certa forma, que têm dificuldades em ler HQs.

Juliano, pelo seu questionamento, o hábito de leitura faz com que muitos se tornem super hábeis (vc se referia à leitura da literatura estritamente escrita?). Então, eu diria que o mesmo pode haver com leitores de quadrinhos: quanto antes começarem a ler, e os mais variados quadrinhos de distintos autores e de vários países, devido à riqueza criativa nas possibilidades dessa linguagem, mais acurados serão ao ler HQs. E daí eu diria que pode haver leitores de quadrinhos bem mais hábeis (que leem Turma da Mônica, S-Heróis, europeus, mangás etc) que outros (que leem só um tipo, por exemplo, Turma da Mônica) e se o leitor lê livros e também quadrinhos, melhor ainda. Mas essa minha resposta quanto a leitores de HQs mais hábeis que outros que leem menos HQs, supus com base nas informações que você me deu, aliados ao que lembro o que pesquisei em minha tese, de que a mente é neuroplástica e por isso, se configura e se expande com estímulos, quantos mais, os forem.

Por coincidência, recentemente acessei matéria sobre um pesquisador norte-americano, o Dr. Neil Cohn, em que trabalhou a questão cognitiva da leitura de HQs, cujas respostas se assemelham à leitura de uma frase (ele usou eletroencefalograma, creio, para medições).


Na minha tese, que foi pioneira, eu não trabalhei essa parte prática científica, embora tenha lido muito e feito paralelos com trabalhos que usaram os métodos de tomografia computadorizada para medirem como o cérebro reagia às leituras de textos ou imagens (o hemisfério direito reagia a desenhos e ideogramas e o esquerdo mais às escritas fonéticas).

Parece que Cohn está atualizando minha tese, pois ele está usando métodos de medição práticas e em breve travarei contato com ele via Dani Marino, uma amiga de Santos que faz parte do blog Quadro a Quadro - http://quadro-a-quadro.blog.br/ e que me ajudará na mediação, pois além do interesse dela nas HQs, seu conhecimento na língua inglesa é muito bom. 

  

Juliano: _Conheço o Quadro-a-Quadro... rs: sempre dou uma curtida nos quadrinhos que são postados pelo grupo no Facebook. Sim, me referia à leitura da literatura (estritamente: a escrita), professor, já que a literatura [escrita] é restrita apenas àqueles que entendem e decodificam o texto, e o idioma em questão. 

  

  

Prof.Dr. Gazy Andrausna verdade tanto a leitura de textos como a de quadrinhos habilita os leitores a se tornarem mais inteligentes, e ao se unirem ambas as modalidades, tal habilidade se eleva. Lembre-se que ao ler textos a mente é mais linear, racional, e ao ler desenhos, (HQs e ideogramas) a mente é menos linear. Mas nas duas há processo de cognição e criatividade, sendo que na leitura de desenhos é o hemisfério cerebral direito que se ativa mais ─ lê desenhos) e na escrita (fonemas) é o esquerdo, o que responde pela linguagem linear da leitura e escrita. E advirto também que o hemisfério esquerdo cerebral é atinente à lógica linear e racionalidade, enquanto que o direito é à não linearidade, e não racional (não dá nomes nem nada disso, que é tarefa do esquerdo. 

Por isso, ler HQs (e ver artes) produz uma mente mais inteligente no sentido de que aciona amplamente os dois hemisférios: um para ler textos e outro para ver/absorver desenhos, criando uma conjunção bem ampla na neurioplasticidade cerebral. Ah, e também, não quero dizer que quando o leitor vê só textos a mente direita se desativa, e nem quando ele "lê" somente desenhos, a esquerda se desative. Nada disso, ambas sempre funcionam juntas. 

O que quero dizer é que ativações de um lado podem ser maiores que o outro, dependendo dos impulsos (dos incentivos): se leio textos, meu cérebro esquerdo aciona mais áreas, embora o direito tb se acione; se leio desenhos, meu cérebro direito aciona mais áreas, embora o esquerdo também se acione. Como nos quadrinhos geralmente há textos, pode-se aferir que incentiva mais ainda o cérebro do leitor! Ou seja, ler HQs estimula uma alta de inteligência, contrariamente ao que se pensava décadas atrás: que quadrinhos fariam mal atrapalhando os estudos e a leitura! 

  

Juliano: 
Grato mais uma vez, professor!
Abraços!



  

Prof. Dr. Gazy Andraus é Coordenador e prof. do Curso de Pós-Graduação em Docência no Ensino Superior e criador da disciplina de HQ e Zine no curso de Tecnólogo em Design Gráfico da FIG-UNIMESP - Centro Universitário Metropolitano de São Paulo: R. Dr. Sólon Fernandes, 155, Vl. Rosália, CEP: 07072-080 - Guarulhos/SP. Tel: 11- 3544-0333- rm: 311 - gazy.andraus@fig.br; 


  

Ph.D. in Communication Sciences; Coordinator and teacher in Postgraduation at FIG-UNIMESP - http://www.fig.br/portal/curso.asp?codcur=7 

  

gazya@yahoo.com.br; 


Endereço pessoal (Address): Rua Jacob Emerick, 458, ap. 805, Centro, CEP:11310-070.


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

https://www.youtube.com/upload

Entrevista com Sávio Roz e Daniel César, da revista Ozadia



Inspirado nos catecismos eróticos de Carlos Zéfiro, a coletânea Ozadia traz HQs eróticas/pornográficas feita por quadrinistas baianos. Ozadia traz cinco histórias em sua edição número 0: “Especimen”, de Ricardo Cidade e Alex Lins; “A partir de 5″, de Bruno Marcello; “Sucumbir”, de Leonardo Maciel e Neto Robatto; “Descaradagens na Bahia Colonial”, de Sávio Roz e por último a “3 real”, de Dan Cesar. O lançamento oficial do trabalho é no início de outubro e poderá ser comprado pelo Facebook. A proposta é bem original levando em conta o atual mercado de HQs do Brasil hoje (há poucas publicações de gêneros específicos). Torcemos para uma vida longa para a revista. 

Entrevistamos Sávio Roz e Daniel César, da revista Ozadia, neste último FIQ, segue a transcrição da entrevista:  

Entrevistador: Gostaria de saber um pouco de sua estória.
Savio RozEu fazia uma graduação de História na Bahia... Acompanhei um livro de Laura de Mello (O Diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial, 1986... uma estória em uma coletânea de uma mulher, uma esposa de um comerciante que a inquisição começa a perguntar a ela sobre um monte de coisas, aquelas perguntas que a Santa Inquisição fazia...    

Entrevistador: Isso (referindo-se à revista HQ) é (parte de) uma coletânea?   

Savio Roz: Sim, é uma coletânea... aí... a revista em quadrinho é essa que você está com ela na mão agora...   

Entrevistador: Todo mundo é de Salvador...?! Todo mundo é de lá?  

Savio Roz: Todo mundo é de Salvador... 
Nós juntamos, montamos, brincamos e colocamos essa ideia em prática...    

Entrevistador:  Todas são propriedades eróticas?   

Savio Roz: Todas eróticas...(!)   
Entrevistador: Vocês já pensaram em fazer propriedade coletiva, fazendo uma revista em quadrinhos toda erótica (?) Eu nunca vi um catalogo... (!)  
Savio Roz: Já rolou... Já fizemos um catalogo... Só que para isso precisava de tempo... A gente ganhou espaço apresentando... parar para poder procurar... 
Todo mundo falou assim: “vamos sangrar a obra...”; Inclusive a publicação até tinha mais uma estória, só que ocorreu é que um membro disse “eu não posso participar da grana...”; e a gente (disse)...: “não, não você participa depois a gente..."; (O membro citado interrompe): “não, não, moralmente eu não posso...”; 
E (daí) a gente não tinha como por, e (aí) a gente retirou (a tal parte)... agora a gente já está planejando a próxima edição... outros autores... 
Entrevistador:  E tem o contato positivo (com os autores)  

Savio Roz: Sim... temos contato com todos os autores separadamente, mas... (!)
  
Entrevistador:  E vocês publicam na internet... (?!)  

Savio Roz: Publicamos também...
    
Daniel César: Estamos vendo se botamos ele online daqui a algum tempo...   

Savio Roz: Aguarde a última estória... (!)   
 ...

Entrevistador: Como é a luta do dia-a-dia para vcs na inserção do mercado para poder publicar e conseguir compradores?  

Savio Roz: Quando montamos a revista, refletimos sobre o mercado e coisas básicas, como público alvo e mecanismos de divulgação. Entretanto, a medida que a publicação foi ficando pronta e logo seu lançamento em loja especializada, percebemos que o público era mais extenso e de gênero diferente do inicialmente pensado. Mulheres entre 20 e 30 anos são nossas principais audiências. Como quadrinho erótico, percebemos que o mundo do entretenimento dos quadrinhos, dessa específica indústria cultural, ainda está carregado de tabus. Tivemos lojas amigas que nos aceitaram sem pestanejar, o que foi muito bom, já que foram as saídas mais generosas da publicação. Mas muitos estabelecimentos ficaram receosos, tanto da certeza de venda do produto quanto de sua qualidade. Meses depois de seu lançamento, com uma somatória mais que confortável de vendas, ficaremos mais seguros em comprovar qualidade para futuros parceiros. Diariamente estamos falando e comentando a revista, oferecendo elas como amigos ofereceriam e não vendedores chatos. O que é mais a cara da equipe: Um grupo de amigos desenhando, escrevendo e publicando quadrinhos divertidos e eróticos. Sabemos que trata-se de um produto e isso exige todo um projeto publicitário e de vendas, mas jamais deixamos que isso afete a amistosidade que já temos com um público...
    
Entrevistador:  Vocês são os nossos homenageados independentes (vcs, no nosso trabalho, estão ao lado do Millazzo, grande cartonista e clássico na Europa, como vc deve conhecer). Seria algo do tipo: nichos de produção local versus grandes editoras corporativistas que visam mais o lucro em detrimento do puro fazer-artístico, que é o que pessoas como vcs fazem. Outra coisa é que no Vídeo também gravamos vcs e o Millazzo: minha idéia é colocar lado a lado os dois lados da moeda no mundo editorial (artistas e produtores culturais como vcs, versus, grandes empreendedores do mundo editorial).
Mais uma vez um grande obrigado, amigo.
  
Savio Roz: Claro! Fica a vontade!  E muito bom estar ao lado do Milazzo! Mas lembre-se que o editor de Milazzo aqui é o mesmo editor da Ozadia! Então são dois produtos de pesos diferentes sendo acreditados (e respeitados) pelo mesmo editor! 

Entrevistador:  Até é bom ouvir a opinião de vcs, mas tentei somente descrever a realidade, inclusive até estou mencionando que o co-criador do ken Parker é um dos mais cults quadrinistas do mundo, que inspirou o personagem dele e do Giancarlo Berardi no Jeremiah Johnson de 1972, do gênero faroeste, que teve Robert Redford como estrela. 

Savio Roz: O chamado "Faroeste Macarrônico". 

Entrevistador:  Pode ser mais uma citação! 

Savio Roz: Bem, ansioso pra ver esse trabalho! 

Entrevistador: Ok!  

Savio Roz: Vamos postar na fan page da Ozadia. Já estamos aqui projetando a próxima (!)